Vizinha de locais bíblicos, Somalilândia é reconhecida por Israel como país soberano

  • 29/12/2025
Vizinha de locais bíblicos, Somalilândia é reconhecida por Israel como país soberano
Vizinha de locais bíblicos, Somalilândia é reconhecida por Israel como país soberano (Foto: Reprodução)

Israel surpreendeu o cenário internacional ao reconhecer oficialmente a Somalilândia como Estado soberano, tornando-se o primeiro país membro da ONU a formalizar relações diplomáticas com o território que se declarou independente da Somália em 1991.

O anúncio foi feito na sexta-feira (26) pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e pelo ministro das Relações Exteriores, Gideon Sa’ar.

 
 
 
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O acordo inclui a abertura de embaixadas e cooperação em áreas como agricultura, economia e segurança.

“Isso é muito, muito importante”, disse o diretor-geral do Ministério das Relações Exteriores da Somalilândia, Mohamed Abdirahman Hassan, ao The Jerusalem Post.

“É um marco significativo – uma conquista que há muito tempo a Somalilândia está esperando. Para mim, pessoalmente, é a conquista de uma vida.”

Para a Somalilândia, que há décadas luta por reconhecimento internacional, o gesto vai além da diplomacia – é um marco de afirmação nacional.

Acordos de Abraão

Netanyahu também mencionou a intenção de integrar a Somalilândia aos Acordos de Abraão, ampliando a normalização com países de maioria muçulmana.

“Esta declaração está no espírito dos Acordos de Abraão, assinados por iniciativa do Presidente Trump”, disse. “Parabenizei o Presidente da Somalilândia, Dr. Abdirahman Mohamed Abdallah, elogiei a sua liderança e compromisso com a promoção da estabilidade e da paz. Convidei o Presidente para fazer uma visita oficial a Israel.”

Maxwell Webb, analista independente do Chifre da África e do Oriente Médio, diz que, de fato, o acordo formulado no contexto dos Acordos de Abraão teve a aprovação do presidente Donald Trump.

“Ao longo do último ano, o presidente dos EUA e os republicanos no Congresso têm se manifestado publicamente e positivamente sobre o diálogo com a Somalilândia. O anúncio também coincidiu com uma visita diplomática e militar americana de alto nível – a segunda nos últimos meses.”

Ele também cita vantagens para a Somalilândia com o reconhecimento israelense:

“Para a Somalilândia, o reconhecimento em si já representa um grande avanço após 30 anos de luta por apoio internacional. No entanto, os benefícios das relações com Israel vão muito além do simbólico”, escreveu.

“Israel é uma potência global em agricultura, gestão de recursos hídricos e tecnologias de saúde. Num momento em que a Somalilândia enfrenta uma seca severa, a tecnologia israelense poderia fornecer soluções que salvam vidas. Além disso, a cooperação entre as forças de segurança e as agências de inteligência poderia ajudar a enfrentar inúmeros desafios regionais.”

Proximidade bíblica

A Bíblia não menciona a Somalilândia de forma direta, mas faz referência às regiões que a cercam, a povos ancestrais e a rotas comerciais que cruzam as mesmas águas que hoje concentram disputas e alianças.

As Escrituras mencionam Cuxe (Etiópia/Sudão), Mizraim (Egito) e Sabá (Iêmen/Etiópia) – povos que historicamente mantiveram vínculos com Israel por meio de comércio, alianças, conflitos e intercâmbio religioso.

Essas conexões aparecem em diversos episódios bíblicos: a visita da rainha de Sabá a Salomão (1 Reis 10; 2 Crônicas 9), profecias sobre tratados e relações com Cuxe/Etiopia (Isaías 18; Sofonias 3:10) e, já no Novo Testamento, o encontro de Filipe com o oficial etíope que recebe o Evangelho (Atos 8).

Região estratégica

Distante cerca de 2.700 quilômetros de Israel, a Somalilândia está localizada no Chifre da África, região estratégica voltada para o Mar Vermelho e o Golfo de Aden – uma das rotas marítimas mais movimentadas do planeta, por onde passa grande parte do comércio internacional que conecta a Ásia ao Mediterrâneo via Canal de Suez.

Com fronteiras ao oeste com a Etiópia, ao sul com a Somália e ao norte voltada para o mar, em frente ao Iêmen, o território ocupa um ponto de vigilância sensível tanto para o transporte de petróleo quanto para a segurança marítima no corredor que liga o Oceano Índico ao Mar Mediterrâneo.

Em um momento de crescente instabilidade na região, o posicionamento geográfico da Somalilândia se torna peça estratégica no tabuleiro político que envolve África, Oriente Médio e grandes potências globais.

Campo de batalha ativo

Para a analista política Catherine Perez-Shakdam, consultora do Conselho de Segurança da ONU para o Iêmen e especialista em Irã, terrorismo e radicalização islâmica, a decisão tem forte caráter estratégico.

Segundo ela, Israel moveu-se em um tabuleiro onde a República Islâmica do Irã e sua rede de aliados têm se mostrado hábeis em transformar a geografia em vantagem.

Trata-se de uma região onde movimentos islamistas, incluindo estruturas influenciadas pela Irmandade Muçulmana, há muito exercem uma forma mais lenta e sutil de expansão: a conquista pela insinuação, e não pela invasão direta.

Para Perez-Shakdam, o reconhecimento anunciado por Israel não é meramente uma declaração sobre a Somalilândia.

“É uma declaração sobre o Chifre da África e o Mar Vermelho como um campo de batalha ativo – e uma repreensão ao hábito, comum entre os estados democráticos, de tratar o radicalismo como um incômodo exótico, melhor discutido em conferências, até que ele apareça em seus próprios portos.”

FONTE: http://guiame.com.br/gospel/noticias/vizinha-de-locais-biblicos-somalilandia-e-reconhecida-por-israel-como-pais-soberano.html


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